Propósito/ benefícios

Vivemos momentos em que estamos a ser testados. Uma sociedade dividida em extremos, em todas as áreas. E tudo é alimentado pela ansiedade e o medo, como muito bem nos explica o filósofo Jonathan Sacks.

Uma sociedade em mudança tão acelerada que quase não conseguimos assimilar e aguentar. A cada momento de evolução hiperacelerada nos sentimos mais isolados. E passamos a operar dessa energia e lugar de não saber lidar com o que vem, tamanha a força e velocidade.

Então, como enfrentar o futuro “sem” medo? Será possível?
A fórmula mais simples é olharmos para o que neste momento idolatramos?
A resposta é assustadoramente simples. Assustadoramente certa e assustadoramente perigosa. Idolatramos o Eu. Estamos a viver a cultura do EU.
A era do desenvolvimento pessoal.
A era do Boom nos livros de autoajuda.
A era do Amor Próprio acima e por cima de tudo.
A era (como me disse um grande terapeuta) do 1+1=2 – tu cuidas dos teus traumas e eu dos meus.
A era do “coloca-te em primeiro lugar”.
A era da SELFIE – true to my Self!
A era dos direitos individuais.

O que idolatramos? The self, the ME, the I!

Será mau?

Não, por certo! Sentimo-nos empoderados, livres…mas não se esqueçam que biologicamente somos animais sociais. A nossa história conta-nos que sempre vivemos em pequenos grupos, onde aprendemos a cultura do altruísmo. Somos mamíferos, seres sociais.

Assim sendo, o contacto é fundamental. O nosso sistema nervoso regula-se e balanceia-se nesse contacto. Autorregulação. Sócio regulação.

O meu sistema nervoso regula o teu e o teu sistema nervoso regula o meu.

Precisamos urgentemente do grupo, das interações “olhos nos olhos”.

Onde mais poderemos desenvolver o nosso lado inato e essencial da confiança, da entrega, da vulnerabilidade, do amor, lealdade que nos resgatam da nossa solidão.

Estamos a viver demasiado no Eu e muito pouco no Nós.

Hoje em dia, quem gosta de estar só, viver só, experienciar o mundo só, é considerado alguém espiritualmente elevado. Alguém emocionalmente avançado, ainda que o faça no esforço e muitas, muitas das vezes, em angústia e desconexão. 

A brilhar na cultura do EU.

Sozinhos Juntos?!

O caminho? Fortalecer o Nós!

Descubram os outros e sempre que agarramos a mão do outro, nós curamos as nossas fraturas, os nossos conceitos extremados, as nossas “verdades limitadoras”. E ao curarmos as nossas crenças, curamos o Eu e damos um passo para o Nós. Abrimos as portas do mundo para esta sociedade que nós criamos e nos está a matar no isolamento disfarçado de centenas de “amigos”. Cada conexão virtual nos retira do Nós e fortalece o Eu isolado e em falência emocional e social.

Contem a vossa história, partilhem quem são, as vossos ideias, a vossa verdade, os vossos sonhos e juntos abram espaço ao outro para que partilhe a sua. É nesse encontro, entre o conhecido e o desconhecido que a magia acontece. Na ligação genuína, na criação e conexão que são a nossa essência.

A única pessoa que nos poderá resgatar de nós mesmo somos Nós, as Pessoas. Juntos.

O caminho é movermo-nos do Eu para o Nós!

Redescobrir a verdade intuitiva, que enriquecemos quando cuidamos um dos outros!

Como sugere Jonathan atirem-se com coragem para a experiência de trocarem Eu por Outro.

Em vez de Autoajuda agarrem a Ajuda ao Próximo.

Em vez de Amor Próprio, Amor ao Próximo.

E irão sentir o poder do “Não estamos Sós”. Aqui regressamos à essência e resgatamos o isolamento que no medo criamos.

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