Amizade Anterior Qual é a verdade? Próximo Porque devemos aceitar o...

“Imaginem um mundo em que todos somos amigos.

Um mundo em que não há qualquer grau de relacionamento além do “Ser Amigo”, um mundo em que desde o primeiro dia tivéssemos autonomia para não depender de ninguém e no qual pudéssemos desde o primeiro segundo ter a liberdade de escolher os nossos amigos e ser escolhido por eles. Neste mundo a amizade seria vivida como ela é na sua mais elementar essência: livre, aberta, cúmplice, cheia de alegria e humor, respeitada, desejada, memorizada, perpetuada.

Sendo um mundo onde só há amigos e amigas, seria um mundo com poucas exigências e muitas liberdades, seria um mundo de somatórios na medida que à medida que fossemos vivendo íamos colecionando cada vez mais e, quiçá raramente, de vez em quando um menos. Porquê?… Porque quando se vive uma amizade, uma daquelas verdadeiras e que todos temos, mais ou menos, não se exige quase nada e dá-se muito. Para os nossos amigos, os verdadeiros, os do coração, temos sempre o nosso coração aberto, a nossa vontade pronta a entrar em ação, o tempo nunca chega e o perdão está sempre disponível. Para os nossos amigos, os verdadeiros, os do coração, o tempo não passa, apenas o sentimento conta. Podem passar semanas, meses e até anos… Mas basta um único olhar, um único abraço e, como num passo mágico, somos invadidos pela memória de tudo o que de bom tivemos e uma sensação de gratidão e amor únicos. Nesses momentos sentimo-nos bem, sentimo-nos vivos, sentimo-nos agradecidos.

Na amizade verdadeira reside um dos pilares da humanidade – a verdade. Na amizade verdadeira despimos a máscara das crenças e mostrámos a nudez das nossas fragilidades, medos e anseios. Na cápsula da amizade não precisamos ser Super-Heróis, somos apenas humanos e temos orgulho nisso. Nessa cápsula de transparência e honestidade, sem necessidade de sermos o que achamos que todos acham que devíamos ser, somos simplesmente nós próprios… E que tão bem sabe.

A amizade perdoa rápido ou quase sempre rápido. A amizade não busca defeitos, mas encontra tantas virtudes, mesmo quando elas não existem. A amizade faz de coisas simples momentos preciosos e memoráveis. A amizade preenche o coração e faz-nos sorrir. Quando se vive uma amizade, aquelas verdadeiras, nada se exige… Ou seja, é um tipo de relação que nós levamos algo e não estamos à espera de nada. Quando dois amigos se juntam cada um leva o melhor de si ao outro, cada um esquece, quase sempre, os seus momentos menos bons e quer e deseja que o outro esteja bem, que o outro fique bem, que o outro seja feliz. Acredito que a amizade é a relação que menos exige e mais dá e, talvez, por isso seja a relação em que uma vez vivida na sua verdadeira essência se perpetua para várias vidas, para sempre.

Que mundo seria este só de amigos e amigas?… Lembrem-se agora de um vosso grande amigo ou amiga… Sei que sorriram… Eu sei que sim. Eu acho que isso diz tudo porque sorrir é o nosso coração a falar.

Agora imaginem um mundo em que na base de todas as relações está a amizade. Imaginem um mundo em que podemos ser maridos ou mulheres, pais, filhos, irmãos, colegas, chefes, subordinados, parceiros, sócios, vizinhos… Tendo sempre por base a amizade, ou seja, estando nessas relações sempre com o intuito de levar algo e não na expetativa de exigir algo. Imagem um mundo em que antes de sermos maridos ou mulheres, pai ou mãe, irmão ou irmã …somos simplesmente amigos e levamos para essas relações a mesma pureza, o mesmo amor, a mesma compaixão, a mesma paciência, a mesma alegria, a mesma sinceridade, a mesma honestidade que levamos para um amigo, um verdadeiro claro.

Seria com certeza um mundo com muito mais paz, amor, alegria, verdade, humor, compaixão, perdão, gratidão, partilha e paz!

Só de pensar nisto apetece-me começar a criar um mundo desses… Para isso preciso da vossa ajuda. Vamos todos pensar duas vezes antes de sermos aqueles papeis todos que somos e antes de os praticarmos… Vamos ser amigos. Vamos todos criar um mundo onde somos todos amigos e, quiçá, o mundo comece a ser muito mais nosso amigo também!”